A Historicidade de Jesus

Blog do Pastor Gilson Soares
 
TEXTOS DE TEOLOGIA E FILOSOFIA


A HISTORICIDADE DE JESUS

Temístocles Mendes e Joelson Gomes

Introdução     

    As Escrituras louvam a fé de quem dispensa provas (Jo 20.29), mas no mundo de hoje, em que o ser humano se torna cada vez mais crítico, precisamos fundamentar nossas crenças. Muitos questionam a historicidade de Jesus. Querem inculcar na mente de muitos que Jesus é um personagem mitológico e não um homem que viveu na Palestina do primeiro século. Com essas declarações, nossa fé perde o sentido, o Cristianismo é equiparado à mitologia, ou a qualquer outra forma fantasiosa de explicar o mundo.
    Será que podemos estar seguros de que Jesus de fato foi um homem que viveu no primeiro século, que realizou as obras que acreditamos, ou apenas um herói fictício inventado por alguns judeus dissidentes? Que provas temos da veracidade da história do Jesus que conhecemos?
    Para começar esta revista sobre a pessoa e obra de Jesus Cristo, vamos demonstrar que a história de Jesus que conhecemos é verídica, apresentando algumas evidências confiáveis que a comprovam. Esse estudo levará você ao conhecimento a respeito do assunto e alimentará ainda mais a sua fé.

1. Evidências extrabíblicas da veracidade da história de Jesus

    Há dois tipos de testemunhos extrabíblicos que nos levam a concretizar nosso objetivo. O primeiro é o testemunho de antigos historiadores, o segundo testemunho é o do impacto que a vida de Jesus Cristo tem na história da humanidade e na formação da igreja.

a) Testemunho de Historiadores

  • Tácito (55-117 d.C.): Tácito foi o mais importante historiador romano do século I. Ele é o autor do famoso “Anais do Império Romano”, em sua obra ele vincula a história dos cristãos a um certo Cristo que sofreu a morte por setença de Pôncio Pilatos. Veja o que ele diz:

“... Para acabar com os rumores [Nero] acusou falsamente as pessoas comumente chamadas de cristãs, que eram odiadas por suas atrocidades, e as puniu com as mais terríveis torturas. Christus, o que deu origem ao nome cristão, foi condenado à morte por Pôncio Pilatos, durante o reinado de Tibério; mas, reprimida por algum tempo, a superstição perniciosa irrompeu novamente, não apenas em toda a Judéia, onde o problema teve início, mas também por toda a cidade de Roma”.

  • Plínio: Este era o protetor da Judéia, da Bitínia e do Ponto, na Ásia Menor. Ele escreveu ao imperador Trajano, cerca de 112 d.C., pedindo orientação de como tratar os cristãos. Em sua carta Plínio chega a dizer que eles entoavam uma canção a Cristo como para um Deus.

“Eles afirmaram [...] que sua única culpa, seu único erro, era terem o costume de se reunirem antes do amanhecer num certo dia determinado, quando então cantavam responsivamente os versos de um hino a Cristo, tratando-o como Deus, e prometiam solenemente uns aos outros não cometerem maldade alguma, não defraudarem, não roubarem, não adulterarem, nunca mentirem, e não negar a fé quando fossem instados a fazê-lo”.

  • Luciano (c. 125-190 d.C.): Escritor satírico, fez uma sátira sobre os cristãos, na qual diz que Cristo foi crucificado por ter iniciado uma nova seita. Ele ridiculariza os cristãos por “adorarem esse sofista crucificado”.

  • Josefo (c. 37 - c. 100 d.C.): Era um historiador judeu, uma das referências mundiais para a história dos judeus, veja o que ele escreve:

[Ananias sacerdote] convocou então uma reunião do Sinédio e trouxe perante ele um homem chamado Tiago, o irmão de Jesus, chamado Cristo, e alguns outros. Ele os acusou de transgredir a lei e condenou-os ao apedrejamento”.

    Há ainda outros testemunhos da história como o dos Pais da Igreja chamados de apologistas. Desses, entretanto, o mais importante é a Apologia I, de Justino Mártir, em que ele faz referência aos Atos de Pôncio Pilatos, que é uma compilação da história das ações realizadas por Pilatos e descritas por um escriba oficial. Justino escreve: “Que ele (Jesus) realizou estes milagres é coisa que podeis facilmente concluir dos ‘Atos de Pôncio Pilatos’”.

b) Impacto da vida de Jesus na história da humanidade

    O calendário ocidental é dividido em antes e depois do evento histórico de Jesus. Outras religiões como o islamismo veem Jesus como um profeta. Mahatma Gandhi, influenciou líderes como Nelson Mandela e o pastor Martin Luther King, mas vale salientar que ele se tornou influente depois do impacto que sofreu lendo o Sermão do Monte durante sua juventude em Londres. Segundo Stott, em tudo que defendia, “Gandhi encontrava sua inspiração em Jesus”.
    A influência de Jesus não tem limites. Um personagem da mitologia não teria tamanho impacto sobre o mundo.

c) A Igreja Cristã, nascimento e testemunho

    A formação da Igreja em Jerusalém é uma grande prova da existência de Jesus. Ele viveu nesta cidade. Se as histórias que conhecemos sobre Ele fossem mentiras, se fossem inventadas tempos depois de sua morte, a Igreja não teria nascido ali, pois as pessoas não teriam acreditado, mas é justamente no lugar onde Ele viveu que a Igreja nasce. Ninguém desmentiu as histórias sobre Cristo em Jerusalém, podiam não seguí-lo, mas a sua vida não era posta em dúvida.

    O testemunho dos primeiros cristãos também mostra a veracidade da vida de Cristo. Ninguém suportaria as perseguições e as mortes que a Igreja suportou, por uma mentira. Muito sangue foi derramado nos primeiros anos da Igreja, e as pessoas testemunhavam da realidade de Cristo sem vacilar, indo até à morte por isso.

    Queremos demonstrar agora que a Bíblia é digna de credibilidade, e assim sendo, podemos aceitá-la como texto histórico não apenas para cristãos que já o fazem por fé, mas para qualquer pessoa séria, que não rejeita os fatos por simples preconceito. Se a Bíblia é digna de credibilidade, então o que ela nos diz sobre Jesus é acreditável também.

2. Evidências em favor do testemunho bíblico da história de Jesus

a) Evidências Bibliográficas. Não há nenhum texto da antiguidade tão amplamente amparado (bibliograficamente) do que a Bíblia. Enquanto a Ilíada de Homero (segunda melhor amparada em número de manuscritos e que ninguém coloca em dúvida sua credibilidade) tem 643 manuscritos, o Novo testamento tem mais de 5.300 manuscritos. Além da quantidade, outro fato é a proximidade entre o texto original (chamado autógrafo) e suas cópias. As cópias mais antigas do Novo Testamento eram feitas em papiro, e hoje se tem mais de 90 fragmentos destes datando dos séculos II e III d.C.

    Quando os autores bíblicos escreveram, eles pretendiam ser exatos na história que contavam. Lucas é uma grande fonte da história de Jesus, pois ele faz uma acurada investigação dos fatos que se realizaram (Lc 1.1-3). O erudito William Ramsey, afirma que Lucas “deve ser colocado entre os maiores historiadores”.

    Enquanto a maioria dos documentos da antiguidade distam de suas primeiras cópias cerca de três séculos, o Novo Testamento tem cópias do segundo século, a exemplo do manuscrito John Rylands que data de 130 d.C. Em frente a todos os livros antigos, o Novo Testamento é incomparável em termos de provas manuscritas. Quem colocar em dúvida o mesmo, não ode aceitar nenhum livro de filósofo, romancista ou historiador antigo.

b) Os pais da Igreja. Os pais da igreja são outra confirmação da veracidade dos textos bíblicos acerca de Cristo.

  • Inácio de Antioquia conheceu os apóstolos, e morreu em 110 d.C. Ele escreveu cartas com citações de várias partes do Novo Testamento.

  • Tertuliano também dá seu testemunho:

Portanto, naqueles dias em que o nome cristão começou a se tornar conhecido no mundo, Tibério, tendo ele mesmo recebido informações sobre a verdade da divindade de Cristo, trouxe a questão perante o Senado, tendo já se decidido a favor de Cristo. O Senado, por não haver dado ele próprio a aprovação, rejeitou a proposta. César manteve sua opinião, fazendo ameaças contra todos os acusadores dos cristãos” (Apologia, v. 2).

    Não é correto, cientificamente, lançar descrédito a um documento sem a certeza do demérito. As dificuldades encontradas devem, antes de tudo, ser analisadas, para só depois, se houvr certeza de que a contestação não será desconstruída no futuro, invalidar o documento. Não é o caso da Bíblia, que amplamente concorda em suas narrações com descrições de historiadores sobre vários aspectos, e ainda tem a confirmação arqueológica em várias descobertas do que já era narrado no texto bíblico, mas ainda desconhecido da ciência.

    Assim, as evidências extrabíblicas e das Escrituras provam que Jesus Cristo foi um personagem histórico. Ele viveu aqui e aqui pregou. Qualquer pessoa que tente desacreditar a existência de Jesus não conhece história ou é desonesto com a mesma. Você pode pedir para quem disser que Jesus não existiu que prove e você verá que não existirá condições para isso, a evidência está esmagadoramente ao lado de quem aceita a existência dEle.

Conclusão

    O testemunho histórico da existência de Jesus é incontestável. Podemos afirmar que Ele nasceu em Belém, dce uma virgem, cresceu em Nazaré, começou seu ministério com cerca de trinta anos, fez discípulos, chocou as lideranças da época com sua doutrina e conduta, atraiu multidões, operou sinais miraculosos. Vemos ainda que morreu crucificado numa sexta-feira e ressuscitou no domingo, e que depois disso foi visto por mais de quinhentas pessoas ( I Co 15.4-6), o que nenhum documento antigo questiona. Depois disso, foi elevado às alturas, mas retornará para levar os seus. Cristo é real, seu Salvador e guia. Experimente esta realidade de uma forma muito diferente. Você já fez isso? Se não, tire a prova!

(Você encontra esta lição na Revista para a Escola Bíblica Dominical. “Jesus Cristo: Sua Pessoa, Obra e Mensagem.” Da Aliança das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil)

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